quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Tempo

O tempo nunca começou. Por isso nunca poderá acabar. Nós, no entanto, nascemos no tempo, e acabamos dentro desse tempo. Se nascemos no tempo, vivemos no tempo e morremos no tempo, não posso dizer que não tenho tempo. Se tudo o que temos é o Tempo. Vejo o tempo como uma roda afortunada, que nos leva a um processo constante de transformação. Ele faz com que a nossa roupagem passageira, sinta o nosso tempo aqui. Uma lâmina sedenta deslizando constantemente sobre os rostos, deixando a impressão de que faço parte deste tempo. Estou marcado pela vivência. Não posso não querer tempo. Ele, o Tempo, o nosso algoz, que se alimenta de nossa existência, talvez seja um bufão que tudo sabe, e sabe que tudo isso é um pifão momentâneo. Num dia ou numa noite qualquer, que não sei ao certo e duvido que alguém haja de saber, é possível que ele saiba que esqueceremos que nele vivemos. Será que ele sabe tudo ou sabe simplesmente o que sabemos? Então, esta bebedeira vai passar, e nós, em outro lugar ou em lugar nenhum, nos lembraremos ou não, da nossa existência temporal. Tenho uma única certeza, que o tempo não irá apagar o que de melhor deixarmos: nossas ideias, nossas lembranças, nossas atitudes boas ou não - quando no mundo, deixarmos o mundo, e para o mundo sermos atemporais.
  
[poema em prosa - contribuição de Orlando Cruz; editado por ALMEIDA, C.]


Nenhum comentário:

Postar um comentário